sexta-feira, 5 de junho de 2009

Projeto do cais

Quase 10 anos depois de ter sido projetada, finalmente sairá do papel a Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), terminal portuário do grupo capixaba Coimex. O empreendimento, que será construído na margem esquerda do estuário de Santos (litoral sul de São Paulo) obteve na semana passada licença ambiental concedida pelo Ibama. As obras e a aquisição dos equipamentos devem exigir investimentos de US$ 400 milhões até 2017.

Com a licença em mãos, a empresa pretende iniciar as obras do terminal entre o fim deste ano e o primeiro trimestre de 2007, afirmou ao Valor Orlando Machado Junior, vice-presidente da Coimexpar, a holding responsável pela administração dos negócios do grupo.

O projeto, que ambiciona ser o maior complexo portuário de múltiplo uso do país, ocupará uma área de 800 mil metros quadrados, com um cais de 1,1 quilômetro de extensão. Abrigará também dois píeres, armazéns cobertos, estacionamento para carretas e pátios ferroviários. Permitirá a atração de navios de dimensões pós-Panamax (acima de 300 metros de comprimento).

A primeira etapa do Embraport deverá ficar pronta em três anos, com até 50% do conjunto total previsto. Quando estiver concluído, num período de cinco a sete anos, o terminal terá capacidade para movimentação anual de 1,2 milhão de contêineres, 200 mil veículos, 2 milhões de toneladas de granéis sólidos vegetais e até 5 milhões de metros cúbicos de granéis líquidos, principalmente álcool. Serão gerados cerca de um mil empregos diretos e outros 1,1 mil indiretos, de acordo com Machado.

"O terminal dará novo fôlego ao porto de Santos, que corre o risco de exaustão por conta da demanda crescente de movimentação de cargas", disse. O porto paulista é responsável hoje por 40% dos contêineres movimentados no Brasil.

A importância do Embraport vai além. De acordo com Machado, o novo empreendimento vai convergir com os futuros negócios do grupo, que investirá pesadamente na produção de açúcar e álcool para exportação para os Estados Unidos, maior importador do combustível brasileiro.

O grupo quer adquirir usinas no Brasil, em aliança com parceiros estratégicos. Pretende ainda construir no Caribe duas usinas de desidratação do álcool, a exemplo da unidade que possui na Jamaica, em parceria com a estatal local Petrojam. O local para a instalação das usinas ainda não foi definido.

Cada unidade nova deve custar entre US$ 25 milhões e US$ 30 milhões e levará cerca de dois anos para ser construída. A entrada em funcionamento dessas usinas deve coincidir com a conclusão da primeira fase do terminal em Santos.

Dos US$ 400 milhões previstos para o projeto, US$ 240 milhões deverão ser consumidos pelas obras civis e outros US$ 140 milhões empregados na compra de equipamentos, em sua maioria importados. A contratação de parte do maquinário deve ser iniciada já no ano que vem.

O Banco do Brasil é o responsável pela estruturação financeira do negócio. O grupo também deve requerer financiamentos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e em outros organismos internacionais. O Embraport não deverá contar com parceiros estratégicos.

O grupo Coimex também acaba de concluir investimentos de R$ 10 milhões na estação aduaneira (porto seco) em Vitória (ES). Foram realizadas melhorias em sistemas de informática e construção de novas docas. Também estão sendo realizados aportes na Companhia Portuária Vila Velha (CPVV), também no Espírito Santo, para ampliar a capacidade de apoio logístico às plataformas da Petrobras.

No ano passado, o grupo Coimex teve faturamento bruto de cerca de R$ 2,15 bilhões, com lucro líquido de R$ 48 milhões. É um conglomerado que reúne uma dúzia de empresas das áreas de comércio exterior, logística, administração de consórcios, concessionárias de rodovias e participação em distribuição de energia na região Nordeste. Controla empresas como a Cisa Trading e a Tegma Gestão Logística. O colosso foi fundado há 58 anos pela família Coser e tem sede em Vitória.

Na verdade são dois projetos pra essa região, um de cada lado da Ilha Barnabé.

Na imagem abaixo dá pra entender melhor, a Barnabé é a ilha com tanques de armazenamento de líquidos perigosos, bem no meio. Do lado direito ficará o terminal Embraport e do lado esquerdo o complexo Barnabé-Bagres, que será praticamente um porto novo, com 50 novos berços de atracação. A colônia que você citou é a Ilha Diana, aquele pequeno núcleo de casinhas na parte superior direita da imagem, é uma das últimas comunidades caiçaras da Baixada, acho que não precisarão ser removidos, mas certamente serão afetados de alguma forma.
Ah, e aquela pista de pouso à direita é da Base Aérea de Santos, que pode se tornar aeroporto civil em breve.


Essa é uma ilustração do projeto Barnabé-Bagres, à esquerda como a área é hoje e à direita como ficará depois de pronto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário